Arcabuz
O arcabuz, uma arma de fogo primitiva, foi inventado por volta do ano de 1440, no Sacro Império Romano-Germânico. Ele foi usado entre os séculos XV ao XVII, sendo eventualmente substituído pelo mosquete. Pesado e pouco preciso, o arcabuz consistia de um tubo de metal adaptado a uma coronha de madeira, e tinha um peso de, em média, cinco quilogramas. Sua munição consistia de balas esféricas de chumbo, carregadas pela boca. Não houve diâmetro padrão de cano no século XVI, por isso, os tamanhos das balas variam, mas a partir de uma fonte do século XVI (1512), podemos calcular que as balas mediam cerca de 15 milímetros de diâmetro e pesavam 20 gramas (calibre 60).
Os modelos mais simples utilizavam um mecanismo de fecho de mecha para disparar, que acionava uma alavanca para soltar um fósforo aceso dentro da caçoleta (onde residia a pólvora). Modelos mais sofisticados do século XVI utilizavam mecanismos chamados fecho de roda, fecho de sílex, e snaphaunce para gerar faíscas, o que diminuiu a necessidade de acender um fósforo antes de atirar (e os problemas relacionados de umidade e chuva).
Embora arcabuzes fossem pequenos o suficiente para serem disparados do ombro, seu peso e o cano de espingarda sem raias tornavam extremamente difícil disparar precisamente de tal forma. Assim, a maioria dos atiradores utilizava uma forquilha para apoiar a arma. Essa forquilha era muitas vezes ligada à arma para ser dobrada e desdobrada, conforme a necessidade.
Por ser uma arma portátil, os arcabuzeiros podiam ser agrupados, oferecendo um grande poder de fogo ambulante. O disparo de um arcabuz podia chegar a até oitocentos metros de distância, mas com chances mínimas de acertos a mais de cento e cinquenta metros.
O arcabuz era tipicamente uma arma de cano liso, o que o tornava altamente impreciso, mas Augustus Kotter de Nuremberg desenvolveu a técnica de estrias espiraladas conhecida como “raias” em 1520. Esta técnica, embora não tenha sido amplamente utilizada até o século XIX, foi aplicada a alguns arcabuzes (como o de Gerard), aumentando muito sua precisão.
É por isso que, em “O Encontro Fortuito”, vemos Gerard mencionar “Sou um dos melhores atiradores de arcabuz que você já conheceu”. Além de suas longas horas de prática, ele certamente tinha à sua disposição uma dos melhores armas de fogo em todo o Brasil!