Oba
Em “O Encontro Fortuito de Gerard van Oost e Oludara,” Oludara é convocado a viajar desde a sua vila até a cidade de Ketu para ter uma audiência com o oba.
Os líderes supremos de cada um dos sete reinos históricos iorubanos eram conhecidos como obas. Na maioria dos casos, eles se consideravam descendentes da orixá Odudua, mãe da Terra, e por isso eram considerados sagrados. Seus súditos precisavam se prostrar perante o oba. Depois, eles podiam sentar ou se ajoelhar na sua presença.
Súditos se prostram perante um obá enquanto exploradores portugueses fazem o seu primeiro contato – final do século XV
(Imagem: Wikipedia, domínio público)
Apenas obas podiam usar a regalia sagrada iorubana: uma coroa de contas em forma de cone, chinelos de contos e uma enxota-moscas adornado de contas. As coroas eram feitas de contas vermelhas de coral, introduzidas pelos portugueses. Os Obas usavam coroas diferentes para ocasiões diferentes, e cada cora tinha sua própria história. Estas coras contem linhas de contas que cobrem o rosto do oba, ao modo de proteger as pessoas do seu olhar divino.
Obá Ademuwgun Adesida II em traje tradicional, 1959.
(Imagem: Smithsonian Institution. Foto por Eliot Elisofon)
O oba era responsável por resolver problemas externos ao reino, e era autoridade máxima em questões jurídicas. Um conselho de anciões o aconselhava e escolhia o seu sucessor após a sua morte. Os balés (chefes das vilas), tipicamente os mais velhos da localidade, cuidavam de assuntos locais.
Devido à natura sagrada do oba, era impensável alguém fazer um ato de violência contra ele. Em algumas circunstâncias, porém, o oba tinha que cumprir um ato de violência contra ele próprio. Um exemplo é quando o povo se rebelava em protesto contra o oba. Neste caso, os chefes podiam exigir o suicídio dele. A tradição também exigia que o oba nunca podia ficar frente a frente com o Oni Oja (o administrador do mercado), sob pena de morte. Por isso, ele nunca podia sair do palácio no dia da feira.
A coroação de um oba novo era um processo comprido. O oba precisava fazer uma peregrinação e visitar vários lugares sagrados, participando de ritos estabelecidos, antes voltar à cidade para a coroação. Podia levar meses para completar todo o processo. Por exemplo, um dos passos era buscar a Ida Oranyan (a Espada de Oranyan ou Espada da Justiça) em Ile-Ifé e colocá-la nas mãos do Oba de Oyo.
Após tomar posse, o oba quase nunca saía durante o dia, exceto durante alguns festivais importantes. Ele podia, porém, sair do palácio à noite, incógnito.
Cabeça de oba de bronze – século XVI
(Imagem: www.metmuseum.org)
Os obas ainda existem nos reinos iorubanos atuais, porém as tradições foram modernizadas, principalmente durante os últimos cem anos. Por exemplo, o costume de suicídio desapareceu ao longo do tempo. O último oba forçado a tomar sua própria vida foi o Alaketu Adegbede em 1858. Quando ele saiu do palácio e viu o Oni Oja (talvez por arranjo dos seus inimigos), ele e duas das suas esposas tiveram que beber veneno.
Quem visita Benin e Nigéria hoje pode ter a chance de visitar um dos obas iorubanos e aprender mais sobre as suas tradições. Espero fazer a minha própria visita um dia!